MP MAIS PERTO DA CAIXA PRETA EM MISSÕES

Operação ‘Volta ao mundo’ cumpre 13 mandados de apreensão para apurar desvios na farra das diárias
A operação conjunta da Polícia Federal com o Ministério Público de Minas Gerais deflagrada na manhã desta quinta-feira (9), em São João das Missões, no extremo Norte de Minas, foi batizada de “Volta ao Mundo”. Tenho bons motivos para acreditar que o pessoal da Polícia Federal em Montes Claros corre os olhos aqui neste Em Tempo Real. Recordo aos meus diletos 17 leitores, trecho de matéria que publiquei aqui mesmo neste espaço no dia 15 de julho do ano passado:
“A pergunta que fica no ar é esta: por que, afinal, os prefeitos viajam tanto? O que a população desses municípios recebe em contrapartida, se a maioria deles praticamente não tem o que mostrar em suas administrações. [sic] Por qualquer critério, um verdadeiro acinte, pois não há notícia que tenham dado a volta ao mundo ou feito viagem interplanetária”.
O texto abordava o excesso nos gastos com diárias por alguns dos prefeitos da microrregião de Januária. Entre eles, o prefeito de São João das Missões, Marcelo Pereira de Souza, o Marcelão (PT), atual mandachuva em Missões, cidade que recebeu a visita da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira. A operação “Volta ao Mundo” cumpriu 13 mandados de busca e apreensão expedidos pela juíza substituta da Comarca de Manga. Apesar de ser filiado ao PT, Marcelo é aliado do deputado estadual Arlen Santiago (PTB), para quem transferiu 2,5 votos na última eleição.
Um dos mandados foi para buscas na residência e no gabinete do prefeito Marcelo Pereira, que não estava na cidade não fugir ao tema das investigações, ele mais uma vez estava em viagem – desta vez a Belo Horizonte. Os federais levaram cópias de vários processos de licitação e pagamento de diárias, todos relativos aos anos de 2013 e 2014. Segundo uma fonte, os documentos já tinham sido enviados ao MP em Montes Claros, no que a operação não causou muita surpresa no pessoal da linha de frente da administração.
O interesse do Ministério Público sobre os bastidores da administração do prefeito Marcelo Pereira não é mesmo novidade. O promotor Paulo Márcio Dias, da Curadoria Regional do Patrimônio Público, investiga seus passos já há algum tempo. Consta que servidores dos municípios e até mesmo o prefeito foram chamados para conversas com o MP em Montes Claros ao longo dos últimos meses. Os 17 leitores aqui do site já sabiam que o município estava na mira do Ministério Público. Em texto que publiquei aqui no dia 13 de abril deste ano, sobre as opções para a disputa eleitoral do vizinho município de Itacarambi, foi citado o nome de Miguel Sergio Seixas Ferro, o Serjão (PRB). Vejam:
“Fora dos limites de Itacarambi e Missões, Serjão é conhecido por ser irmão do vereador Juvenal Seixas Ferro, o Juvenal da Cemig, figura folclórica do mundo político local. Há uma coincidência que aproxima os currículos de Serjão e Rudimar [Barbosa, ex-prefeito de Itacarambi]: ambos passaram pelo setor de contabilidade da Prefeitura de São João das Missões, uma caixa-preta sobre a qual a Curadoria Regional do Patrimônio Público Estadual promete jogar a luz do sol”. Entenderam?
Aluguel da Hilux
Pois bem. A operação “Volta ao Mundo” começou exatamente na residência do contador e pré-candidato a prefeito de Itacarambi Sergio Seixas Ferro. A caminho de Missões, os federais convidaram Serjão a acompanhá-los nas buscas da operação “Volta ao Mundo”. Ninguém foi preso na operação – pelo menos por enquanto -, mas as investigações apuram os excessos no já citado episódio da farra das diárias, além do aluguel de veículos e superfaturamento na comporá de combustível. São João das Missões tem um dos piores IDH de Minas Gerais e do país. Elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o IDH é o índice que mede o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. O município de São João das Missões está na rabeira por qualquer critério que se lance mão, além de abrigar a maior reserva indígena em Minas Gerais, o povo Xakriabás. O próprio Marcelo Pereira se apresenta como remanescente da etnia. 
A população de Missões é pobre e carente, mas isso não impediu o prefeito de autorizar o pagamento de R$ 795 mil a três servidores nos últimos três anos - em contraprestação por diárias por viagens a serviço. A Polícia Federal ainda suspeita da existência de possível fraude na aquisição de combustíveis para a frota municipal. O gasto previsto numa licitação realizada em 2014 foi de R$ 3,5 milhões, valor que seria incompatível com a realidade do município. A menos que Marcelo e sua patota tivessem pretensão de fazer algumas voltas ao mundo.
A denúncia oferecida ao MP pelos vereadores Rosane Lindório de Souza, a Perrelzinha (PSB), Antônio de Araújo Santa, o Toninho de Alípio (PSD)  e Adilson de Almeida Souza (PDT)  inclui ainda o aluguel de veículos. Um caso, especialmente, intriga a Promotoria: o prefeito Marcelo Pereira aluga um veículo Toyota Hilux há três anos pelo valor mensal de um carro é alugado por R$ 7,5 mil mensais. O valor desembolsado com o arrendamento daria para comprar dois automóveis do mesmo tipo, ainda que usados. A Polícia também investiga irregularidades no aluguel de uma casa onde a Prefeitura instalou as médicas cubanas do programa “Mais Médicos”.
COM INFORMAÇÃO DO SITE DE LUIS C. GUEDES

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